quinta-feira, 30 de abril de 2009

O Pior Já Passou


Seguindo a onda de otimismo iniciada em março, a maioria das bolsas internacionais apresentou bons desempenhos em abril. Na Bolsa de Valores de São Paulo, o resultado não foi diferente, com valorização de 15,5% neste mês, a maior desde de fevereiro de 2005. Com isso, a Bolsa garantiu o primeiro lugar no ranking de investimentos. O Ibovespa encerrou abril aos 47.289 pontos e acumula alta de mais de 25% no ano.

O sentimento de “o pior já passou” dominou os investidores em abril, segundo o administrador de investimentos Fabio Colombo. “Alguns indicadores da economia norte-americana apresentaram estabilização ou melhora em relação a sua contínua deterioração”, lembra Colombo.

No Brasil, no entanto, nem todos os indicadores foram animadores. Na última divulgação da taxa de desemprego, por exemplo, houve aumento do indicador para 9%. “Não vejo uma explicação para tamanha alta [da Bolsa]. Os fundamentos da economia não justificam o desempenho. O que tem segurado a valorização da Bovespa é mesmo o ingresso de investidores estrangeiros”, explica o gestor de fundos da Precision Asset Management, André Schibuola.


Em segundo e terceiro lugares aparecem duas categorias de fundos conservadores. Os fundos DI tiveram alta de 0,83% e os de Renda fixa, de 0,82%. Apesar de ocuparem boas posições no ranking de investimentos, as aplicações tiveram desempenho inferior ao registrado no mês anterior. Em março, os fundos DI subiram 0,99% e os de Renda Fixa 0,95%. “Principalmente os investimentos prefixados diminuíram os ganhos com a precificação de nova queda de juro”, diz Schibuola.

Ontem, o Banco Central do Brasil decidiu por novo corte na taxa básica de juros, de um ponto porcentual, para o patamar de 10,25% ao ano. “A marcação a mercado dos títulos prefixados diminui a rentabilidade dos fundos de Renda Fixa, que apresentaram resultado abaixo dos fundos DI”, explica o administrador de carteiras.

Em linha com a expectativa de queda de juros, os Certificados de Depósito Bancário também diminuíram a rentabilidade. Em abril, os CDBs com vencimento em 30 dias subiram 0,72%, contra 0,85% em março. Em quinto lugar no ranking aparece a caderneta de poupança, com 0,55% (no mês anterior, houve alta de 0,64%).

Segundo os especialistas consultados, a queda de rentabilidade entre os investimentos conservadores também se deve à menor quantidade de dias úteis em abril. O quarto mês do ano teve 20 dias úteis, por causa dos dois feriados no período, e março registrou 22 dias úteis.

Desempenho negativo

No campo dos investimentos com performance negativa, aparecem três aplicações consideradas “seguras” em época de crise. O ouro negociado na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) teve queda de 6,94%. O dólar e o euro, que em março, apareceram em segundo e terceiro lugar no ranking, com as moedas comerciais em queda de mais de 5%. Segundo dados do Banco Central, o dólar desvalorizou-se 5,91% e o euro, 6,36%.

O ingresso de investidores estrangeiros na Bolsa foi um dos motivos para a queda das moedas. “O dólar e o euro perderam espaço não só no Brasil, mas em diversas economias do mundo”, aponta Colombo. Para maio, a tendência de baixa não deve se inverter. “O dólar deve se aproximar ainda mais de R$ 2”, avalia o gestor da Precision. No pregão de hoje, a moeda fechou cotada a R$ 2,188.

Perspectiva

Com a queda de rentabilidade dos investimentos conservadores, fica cada vez mais difícil escolher as aplicações. “O investidor que consegue menos de 1% ao mês já começa a se questionar qual é a melhor alternativa”, diz Schibuola. O momento ainda não é de grandes apostas em ações, já que parte do mercado acredita que a Bolsa deve ter uma onda de vendas (“realização”) em maio, com investidores embolsando parte dos ganhos.

A recomendação de Colombo é de que o investidor moderado mantenha a maior parte dos investimentos, cerca de 80%, em aplicações conservadoras, principalmente em fundos DI. “O risco do investimento prefixado devido à volatilidade do juro não compensa o investimento em renda fixa”, avalia. Títulos indexados à inflação, com juro de 6% ou mais, também são uma alternativa. O restante (20%) pode ser direcionado à Bolsa.

Fonte: AE Investimentos

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