sábado, 28 de março de 2009

JOÃO FIGUEIREDO


General João Baptista de Oliveira Figueiredo (Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 1918 , 24 de dezembro de 1999) foi um general-de-exército e político brasileiro. Foi o último presidente do regime militar, que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985.

Durante o seu governo, de 1979 a 1985, promoveu a lenta transição do poder político para os civis. Era filho do general Euclides Figueiredo, que fora comandante da Revolução Constitucionalista de 1932 em São Paulo.


Foi candidato a presidência da República pela via indireta, escolhido pelo seu partido, a ARENA, obtendo a vitória no Colégio Eleitoral do Congresso Nacional em 1978 contra o General Euler Bentes Monteiro do MDB, prometendo a "mão estendida em conciliação" e jurando fazer "deste País uma democracia". No seu governo, concedeu anistia ampla geral e irrestrita aos políticos cassados com base em atos instituicionais, e voltaram ao Brasil os exilados do regime militar. Também, em seu governo, em 1982, realizaram-se as primeiras eleições diretas para governador de estado desde 1965.


Como presidente, discursou de forma marcante na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, criticando os altos juros impostos pelos países desenvolvidos.

Sua gestão ficou inicialmente marcada pela grave crise econômica que assolou o Brasil e o mundo, com as altas taxas de juros internacionais, pelo segundo choque do petróleo em 1979, altos índices recessivos e inflacionários e com a dívida externa crescente no Brasil, além de um aumento na instabilidade social.


No entanto, em seu último ano de governo o país havia conseguido sair da recessão e o produto interno bruto (PIB) atingido um crescimento superior a 7%. As contas externas também encontraram relativo equilibrio ao final de seu governo, com uma explosão das exportações e aumento da independência nacional do mercado externo, especialmente na área do petróleo. Implementou, também, o programa de incentivo à agricultura, que tinha como slogan "Plante que o João garante". Esse programa foi criado por Antônio Delfim Netto, então Ministro do Planejamento, e seu vice José Flávio Pécora. Muitos pequenos agricultores quebraram por causa dos incentivos, que visavam modernizar a agricultura brasileira.


A agricultura, porém, foi realmente modernizada, e o programa é grande responsável pelo Brasil, atualmente, ser um dos maiores e melhores exportadores agrícolas do mundo. O preço dos alimentos como feijão, arroz etc, (alimentos básicos) baixou considerávelmente, antes muito caros para a população mais humilde.

Aconteceu em 1981, uma grande seca no nordeste do Brasil, acontecendo saques a armazéns pelos flagelados, e foram criadas frentes de trabalho para gerar renda para as vítimas da seca. Também foi autor do maior programa de habitação da história do Brasil, construindo quase 3 milhões de casas populares - mais do que a soma de toda a história do BNH (Banco Nacional de Habitação, que posteriormente foi incorporado à caixa econômica) implantada pelo então Ministro do Interior Mario Andreazza.


Contudo, durante o seu governo ocorreram uma série de atentados terroristas atribuídos a direita, como bombas em bancas de jornais e explosões em organismos que defendiam os direitos humanos. O mais célebre atentado foi o que aconteceu no Riocentro. No local era realizado um show musical popular com a participação de milhares de jovens. Não se sabe se por acidente ou imperícia, uma bomba de alto poder explodiu dentro do carro de agentes do governo, matando um sargento e ferindo gravemente um capitão, ambos do exército.


O governo negou conhecimento da operação no Riocentro, mas a partir desse acidente, os atentados cessaram. Foi um dos fatos que mais desmoralizaram a ditadura militar instaurada em 1964, e marcou o início de seu declínio. Em decorrência da não-punição dos autores do atentado, o general Golbery do Couto e Silva, que tinha sido um de seus braços direitos e é considerado por alguns como o cérebro da política de gradual e controlada abertura política, afastou-se de seu governo.

Figueiredo atribuia os atentados aos "Bolsões radicais porém sinceros", ou seja, militares da linha-dura que não queriam que a abertura política de Figueiredo fosse em frente por medo de revanchismo caso as oposições chegassem ao poder.


Em 1985, deixou a cargo do PDS a escolha do candidato da situação, não interferindo na escolha de Paulo Maluf, candidato que não apoiava. Foi sucedido na presidência por José Sarney (seu antigo desafeto de partido), vice de Tancredo Neves, eleito indiretamente pelo Congresso Nacional que, embora fosse candidato da oposição, havia recebido apoio até do ex-presidente Ernesto Geisel, com quem se encontrara três vezes.


Figueiredo não quis entregar a faixa presidencial a Sarney na cerimônia de posse em 15 de março de 1985, pois o considerava um "impostor", vice de um presidente que nunca havia assumido. Depois de seu governo, afastou-se definitivamente da vida política. Ficou célebre a sua "declaração de despedida", dada ao jornalista Alexandre Garcia para a extinta TV Manchete: "Bom, o povo, o povão que poderá me escutar, será talvez os 70% de brasileiros que estão apoiando o Tancredo. Então desejo que eles tenham razão, que o doutor Tancredo consiga fazer um bom governo para eles. E que me esqueçam".


Foi o presidente do ciclo do regime militar com maior tempo de mandato: seis anos, sendo também o quarto mandatário com mais tempo à frente da Presidência da República, atrás somente de Luiz Inácio Lula Da Silva e Fernando Henrique Cardoso (oito anos) e de Getúlio Vargas (dezoito anos).

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