SAN JOSÉ, Costa Rica — Honduras se encaminha "cada vez mais" para uma ditadura e será difícil realizar eleições livres em novembro, depois que o regime de fato suprimiu garantias constitucionais e fechou meios de comunicação opositores, quando o golpe de Estado completa três meses, advertiram analistas.
O regime de fato de Roberto Micheletti "é um governo que se encaminha cada vez mais para evoluir para uma ditadura, e não há ditadura que seja boa", disse à AFP o analista político costarriquenho Constantino Urcuyo.
Vários analistas centro-americanos previram que a crise hondurenha se agravará com as medidas repressivas, que buscam conter os partidários do mandatário deposto Manuel Zelaya, que permanece refugiado na embaixada brasileira, desde que retornou há uma semana ao país repentinamente.
"Desde já considero que a situação em Honduras vai se agravar", afirmou Urcuyo.
"Não se pode promover eleições com as liberdades políticas e individuais restringidas", declarou à AFP a diretora do Instituto de Opinião Pública da Universidade Centro-americana de El Salvador, Jannet Aguilar.
Honduras "retrocedeu" aos anos 70 e 80, acrescentou, referindo-se aos regimes repressores que imperaram em países da América Central nessa época.
"O que se pode acontecer em Honduras (...) é um agravamento da crise e dos conflitos internos, que poderão causar uma guerra civil", afirmou a analista.
O acadêmico salvadorenho Dagoberto Gutiérrez considerou que "as eleições são hoje a fonte das contradições mais perigosas para o governo de fato".
"Micheletti é um obstáculo (para superar a crise) porque a comunidade internacional não reconhece o processo eleitoral, nem nada do que sair de lá", declarou Gutiérrez à AFP.
Para o acadêmico panamenho Marco Gandásegui, as últimas medidas de Micheletti mostram que atua de "maneira desesperada".
"O que o governo hondurenho está demonstrando neste momento é a sua perda do controle da situação. Está atuando de maneira desesperada. Parece que há setores mais importantes das chamadas classes dominantes da sociedade hondurenha que estão passando a apoiar Zelaya", disse Gandásegui à AFP.
"Tudo indica também que dentro das Forças Armadas hondurenhas há divisões", acrescentou o pesquisador do Centro de Estudos Latino-americanos e professor da Universidade do Panamá.
"Creio que o caminho que o governo de Micheletti tomou é visivelmente o passo obrigatório que resta a um governo de fato que quis se vestir de constitucional", disse o analista costarriquenho Rodolfo Cerdas.
"É preciso ver que este é um governo que, embora queira se disfarçar de civil, permanece sendo militar", disse o cientista político à AFP. "Esta é a lógica de um regime militar".
Fonte: AFP Google
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